"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir." Fernando Pessoa
"A escrita é a pintura da voz." Voltaire

terça-feira, 5 de junho de 2012

O Despertar


De utopista a realista,
De pessoa a desespero humano;
O vento mudou de sentido,
E eu já dificilmente me engano.

A sonhar conheci mundos,
Agora vejo-os de longe.
Sonhei alto lá no fundo
Mas da fantasia acordei.
Agora estou noutro mundo:
“Num mundo onde nunca mais te verei”.

domingo, 29 de maio de 2011

O Arrasto do Tempo

Era uma vez...
Mas não real,
Um pobre homem
Que se arrastava,
Um já profissional,
Que caminhava com largos passos
Nos caminhos de cabras, entre arrastos.
Os seus vizinhos sempre lhe perguntavam:
“Como está?”
E ele sempre respondia:
“Por cá estou, sobrevivendo…”.
Tinha uma vida para trás
Que ninguém conseguiria imaginar,
E aquele ingénuo “Como está?”
Sempre lhe fizera pensar…
Nas suas longas caminhadas,
Nas suas paragens para repouso:
“pois estou, pois por cá estou,
O tempo cá também passa e mais longe não vou.”
Uns quantos arrastos e dias depois:
“Onde está?” – perguntaram os quotidianos
Ao que lhes responderam vozes vazias:
“Por cá esteve, por cá sobreviveu,
Mas que a sua vida não lhe valiam os arrastos
Foi o que ele entendeu.”

terça-feira, 15 de março de 2011

Até daqui a trezentos e sessenta e cinco dias

A Terra deu mais uma volta, e neste mesmo dia trezentos e sessenta e cinco dias após trezentos e sessenta e cinco dias é sempre comemorado o dia em que me puseram neste sitio a que chamamos “o nosso Mundo”. A verdade é que tenho unicamente um dia a mais que ontem, e vou optar por não continuar esta frase antes que transforme este meu texto numa redacção anti-comemorações de aniversários. 
Como não pode ser considerado feriado nacional, acaba por ser um dia normal, tirando o número de abraços que recebo, o número de vezes que o meu nome é gritado quase justaposto a “Parabéns!” e o número elevado de comentários ao facebook.
Admiro bastante aqueles que têm a capacidade de se lembrar que numa terça-feira, perfeitamente normal, a Mafalda Perdigão comemora dezasseis anos e apesar de não escrever nada mais que Obrigada dezenas de vezes, fico mesmo muito agradecida.
Mas... a verdade é que tenho unicamente um dia a mais que ontem.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Experiência de vida

Crescer de espírito e alma
Muito está em mudança
A liberdade está por alcançar
É preciso esperança

Sobreviver aos excessos
Lutar pela vantagem
Sobre o poder
De ganhar coragem

Depois ficará por contar
O passado de quem o passou
Como falhou ou venceu
Quanta força isso lhe custou
E quanto da vida recebeu.

Amor Desconhecido

De onde vens?
De onde a língua das românticas
Paixões é desconhecida, dos sentimentos fingidos?


Aqui é diferente
Aqui vivem-se os instantes
Paixões internas ou falhadas
Vive-se de uma verdade ou de uma mentira
Com uma felicitação ou uma despedida
Quem não o conseguir descobrir
Encontra outro caminho…
Morte?! É a vida que cai nos abismos estrepitosos da eternidade.